Senhores,
Permanecei-vos sentados em vosso teatro de sombras a cultuar o bom e o belo que se apresenta aos vossos olhos! Quanto a estes, deveis mantê-los bem abertos afim e que não deixem escapar o menor detalhe da cena que vos é apresentada. Já os ouvidos é melhor que os tapem para que não vos despertem de vosso sono profundo. Atentem-vos para que acaso algum sonho zombeteiro venha vos trazer para fora de vossa cômoda poltrona: reprima-o de pronto! Os sonhos transmitem a moléstia a liberdade, pois no universo onírico podeis ir donte quiserdes e fazer o que bem entenderdes. Deves manterem-se passíveis e imoveis somente a receberdes o que o mundo tem a vos oferecer de melhor: a ilusão de que vivemos em um planeta cor-de-rosa rodeado por flores e cristais.
Quanto à essência, essa dona profana, cuspais-vos a cara e virai-vos as costas! Em vosso teatro mágico não há espaço para sentimentos e humanismos toscos.
Mascaremos o real, pois sua face é crua demais e ofensiva à vossos olhos encabrestados e a vossa visão turva! A miséria e a fome são apenas presságios e a guerra é um mal necessário. Vejais como em período de guerras se prosperam as ciências!
Ao final, aplaudam intactos com sua face putrefactas ao assistiremo massacre de vosso próprio ser.
Blog poéticoliricoartisticomusicoteatral de Alessandra Cavagna "a essência é o espírito da matéria por isso ando com os pés descalços e a alma nua sobre a terra para nunca me perder em meus percalços" Alessandra Cavagna
Quem sou eu?
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
A MORTE DO POETA MALDITO
A morte está anunciada e ressoa nas paredes sujas de um bar. No Junkbox uma música de Bob Dylan. Ele abre os braços e diz: "Tem uma bala da agulha, baby, e ela é pra mim!"
Os versos saem de sua voz rouca gutural: maltratam os que vivem à noite e cospe os que vivem ao dia.
"Il existe une balle dans l'aiguille", repetia ele ao elegante filho da puta e sua amante entre um copo e outro de wisk.
O mundo era pequeno demais para ele ou ele era tão grande que o mundo não suportava.
Ela vê o poeta em uma poça de sangue e grita: "Meu Deus! Ele fez".
Ela chora.
Ele ri: "Relaxa, baby! Era o que eu queria".
As pessoas se escondem por detrás de sorrisos rotos e cansados. Se perdem em meio a multidão de olhos que serpenteiam ao acaso.
Um riso frouxo e um abraço.
Ninguém nunca saberá o motivo dessa dor.
Os versos saem de sua voz rouca gutural: maltratam os que vivem à noite e cospe os que vivem ao dia.
"Il existe une balle dans l'aiguille", repetia ele ao elegante filho da puta e sua amante entre um copo e outro de wisk.
O mundo era pequeno demais para ele ou ele era tão grande que o mundo não suportava.
Ela vê o poeta em uma poça de sangue e grita: "Meu Deus! Ele fez".
Ela chora.
Ele ri: "Relaxa, baby! Era o que eu queria".
As pessoas se escondem por detrás de sorrisos rotos e cansados. Se perdem em meio a multidão de olhos que serpenteiam ao acaso.
Um riso frouxo e um abraço.
Ninguém nunca saberá o motivo dessa dor.
O MEDO
O medo é o início da incerteza, do descontrole;
A proximidade da morte e o início da vida;
É o descanso da lida,
A preparação para a luta,
A possibilidade da fuga,
O descaso da culpa,
O acaso da ferida.
O medo é o início da partida,
A possibilidade da batida,
A proximidade da chegada:
É o encontro;
É a libido;
É o gozo;
É o abismo;
É o nada.
É a certeza da morte.
É o princípio da vida.
É noradrenalina brincando nas fendas sinápticas.
Alessandra Cavagna
domingo, 27 de outubro de 2013
LUZIMENTO
Espasmos deslumbrantes
de luzes que cintilam no horizonte
onde fogos de artifícios
misturam-se à ribalta.
Sirenes estridentes
e buzinas dilacerantes
entrecortam o silêncio
desta noite chuvosa.
Garoa fina,
como de tantas noites.
Passos rápidos, muito rápidos,
de pedestres que vão vem e voltam
para lá e cá e além.
Gritos, gargalhadas e sussurros
choros, teses, debates
bate-papos num boteco do Bixiga.
Esta cidade cinza
salpicada de verde e vermelho...
És mãe amorosa
de braços longos
recebendo filhos de tuas entranhas e outras.
És carrasca
a arrebatar frágeis
a sufocar humildes
com ostentações e misérias
És puta fogosa
parindo incessantemente
e vomitando seus ovários
sobre sua prole.
de luzes que cintilam no horizonte
onde fogos de artifícios
misturam-se à ribalta.
Sirenes estridentes
e buzinas dilacerantes
entrecortam o silêncio
desta noite chuvosa.
Garoa fina,
como de tantas noites.
Passos rápidos, muito rápidos,
de pedestres que vão vem e voltam
para lá e cá e além.
Gritos, gargalhadas e sussurros
choros, teses, debates
bate-papos num boteco do Bixiga.
Esta cidade cinza
salpicada de verde e vermelho...
És mãe amorosa
de braços longos
recebendo filhos de tuas entranhas e outras.
És carrasca
a arrebatar frágeis
a sufocar humildes
com ostentações e misérias
És puta fogosa
parindo incessantemente
e vomitando seus ovários
sobre sua prole.
Mas
acima de tudo és bela.
Como és bela!
com tuas luzes cintilando no horizonte
onde fogos de artifícios
misturam-se à ribalta.
Como és bela!
com tuas luzes cintilando no horizonte
onde fogos de artifícios
misturam-se à ribalta.
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