Quem sou eu?

Minha foto
Prefiro a fúria dos "loucos" a hipocrisia dos "sãos"

sábado, 7 de março de 2015

Eu sou todas e sou uma.



Nesse dia 8 de março, quem o ano inteiro nos oprime e nos violenta quer nos presentear e nos dar flores.  Querem nos desejar parabéns e nos endeusar.  Agradecem por sermos boas mães, como se nossa função no mundo fosse somente procriar, e como se tivéssemos a obrigação de colocar filho no mundo. O sistema aproveita o dia pra vender calcinhas, perfumes, roupas e joias para cobrir-nos. Tentando deformar a verdadeira importância dessa data. Impõe-nos como temos que nos vestir e nos comportar, pra quem devemos direcionar nossos desejos e nossos relacionamentos, tentando nos impor casamento e filhos, como se isso fosse a única coisa que pudesse nos realizar.

Mas todo dia é dia de lembrar nossa luta! De lembrar nossas companheiras que lutaram e das que caíram. Dia de lembrar das nossas conquistas e das nossas reivindicações. Todo dia é dia de lutar contra o patriarcado e contra o machismo, de dizer não às injustiças sociais e ao capitalismo, de lutar por um mundo mais humano e igualitário. Todo dia é dia de acordar cedo e pegar no batente; de acordar tarde e ficar com preguiça, de não ir trabalhar pq ta com TPM, de brigar com o companheiro ou a companheira pra ajudar nas tarefas domésticas, de lutar por equiparação salarial. Todo dia é dia de cuidar do filho querido, de gerar o filho desejado, de abortar se isso for preciso. Todo dia é dia de ficar bonita,  perfumada e sair pra balada; ou nem tirar o pijama e ficar na cama o dia inteiro; de sair de cara lavada ou de se maquiar; de deixar o cabelo crescer ou de deixar curtinho; de se depilar ou de deixar crescer os pelos; de vestir calça comprida ou mini-saia. Todo dia é dia de dizer NÃO, quando não quer; de dizer sim quando se deseja. De amar sem medida quando existe troca e desejo;  mandar embora quando não há respeito;  de não se deixar apanhar e resistir à violência. Todo dia é dia de decidir pelo próprio corpo e pela própria vida. Todo dia é dia de lutar.


Então, me lembro das minhas filhas, filhas que decidi e escolhi ter, porque se não quisesse não as teria. Então, quando decidi por tê-las, às desejei comigo, carreguei-as em meu ventre, cada qual por 9 meses. Senti seus movimentos em minha barriga e as dores dos nascimentos. Amamentei-as, cantei para elas dormirem, cada uma teve uma música diferente, acompanhei seus primeiros passos e suas primeiras palavras. Fui a melhor mãe que pude ser o tempo o que pude. Mas havia outras coisas: precisa lutar pela minha libertação, pela minha autonomia e emancipação. Trilhei caminhos tão difíceis e tortuosos que foi melhor que elas não tivessem comigo para não sofrerem também. Hoje são três mulheres que estão, cada uma a seu modo lutando por seus direitos e seu espaço no mundo. E elas são um pouco de mim e eu sou um pouco delas. E que sejam assim sempre, e que assim ensinem suas filhas e suas netas, e que propaguem essa luta as nossas próximas gerações. E assim vamos nos libertando das amarras, a cada dia, a cada ano, a cada geração.


sexta-feira, 6 de março de 2015

Pra não dizer que não falei das flores

Hora de ler e se informar (Brasil, América Latina e mundo). Me sinto como Indiana Jones procurando o cálice sagrado. Começo por selecionar as mídias, tarefa difícil essa, pq a grande maioria está corrompida pelo sistema. É um verdadeiro garimpo pra conseguir a informação precisa. O negócio é ir por eliminação e associação. Nunca ler uma única fonte e banir definitivamente a Rede Globo e a Veja desse lote. Hoje em dia é necessário uma verdadeira análise de conjuntura pra entender o que se passa. Ou isso ou ser mula de presépio e ser usado como massa de manobra. A maioria das pessoas não se importam com isso, porque nem sequer se dão conta de que estão em uma caverna a ver imagens projetadas e que a realidade vai muito além da telinha. É meio que uma Matrix, pra dizer a grosso modo. E a única maneira de se libertar é por meio da reflexão. Ontem conversava com um amigo recente que conheci por aqui mesmo, o Reginaldo Furtado​: Se podemos tirar algo de positivo em toda essa tensão que vivemos nesse quadro político atual, é que nunca na minha vida vi tanta gente falando em política. Mesmo que falem asneiras, que não reflitam seus discursos, que tenham sua fala carregada de senso comum, mesmo que quando confrontados usem como mecanismo de defesa a agressividade e a violência. Lembremos que temos pouco menos de 25 anos, sem os domínios da ditadura militar, onde nada podia ser dito e tudo deveria ser engasgado, calado e engolido a seco, sob a égide do medo, da perseguição e da morte. Nesse sentido percebo que nosso povo, apesar dos tropeços, está tomando coragem para desfiar e desafiar seus medos e anseios e externar suas ansiedades, repito, mesmo que essa maneira não seja adequada. Não se pode exigir muito mais que isso. Tais conflitos de ideias presentes hoje em nossa sociedade são frutos disso. E se está havendo conflitos, há que haver transformações. Vendo por esse prisma, é possível entrever a reação da mídia golpista e da direita fascista como uma reação apavorada para se manter o status quo. Muitas águas ainda hão de rolar. Podemos sorrir ou chorar, mas nada poderá mais conter a sanha desse povo que está encontrando o caminho das ruas e descobrindo o peso que tem suas vozes. "Como vai proibir quando o galo insistir em cantar. Água nova brotando e a gente se amando sem parar. Apesar de você amanhã há de ser outro dia".